Da Justificação

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O Problema teológico dos protestantes e a negação da Redenção.

No dia 31 de outubro de 1999, em Augsbourg (onde Lutero proclamou a sua revolta), foi assinado uma “declaração comum entre católicos e luteranos“. Essa declaração, que não faz parte do magistério eclesiástico, gerou várias indagações entre os católicos.

Para esclarecer um pouco o problema teológico, a Frente Universitária Lepanto disponibiliza, a seus leitores, a doutrina católica comparada com a doutrina protestante, onde fica clara a distinção entre uma e outra.

Para um católico, o Batismo redime o homem, tornando-o Filho de Deus, capaz de alcançar méritos, santificar-se, etc.

Segundo um documento entregue à SS. o Papa, por vários teólogos, antes dessa “declaração”: “A justificação é a aplicação dos efeitos da Redenção a um cristão particular, que se tornou possível pela mediação da Igreja quando da aceitação da Fé através do batismo. No momento de ser batizado, o fiel é interiormente renovado, ao ponto que São Paulo dele fala como de um “homem novo”; o pecado original e os pecados pessoais são apagados e ele se torna daí por diante um “filho de Deus”, habitada pela graça santificante, assim como um membro inteiramente da Igreja. Mesmo se uma certa tendência desordenada ao pecado – chamada concupiscência – permanece nele, o homem justificado é essencialmente redimido e não é mais um escravo do pecado como antes. Todo batizado está plenamente justificado e, do ponto de vista ontológico, ele não é mais um pecador. A concepção católica da dignidade do cristão está fundada sobre esta convicção dogmática que, ela só, pode fazer encarar o homem como verdadeiramente livre – de uma liberdade que prepara já sua justificação – e como verdadeiramente responsável de suas obras, as quais pela ação da graça, se tornam meritórias em vista de sua salvação eterna.

Bem, esse não é o ponto de vista Luterano, na qual o homem permanece sempre pecador, sendo “incompleta” a Redenção de Nosso Senhor Jesus Cristo. Para eles, o batismo não tem nada que ver com batismo católico. Pelo batismo católico o homem deixa de ser pecador – a criança deixa de ter o pecado original e o adulto deixa o original e os atuais que cometeu – e passa a ser justo. Esse é o ponto fundamental de diferença entre as duas concepções teológicas.

O pensamento luterano pretende que o homem não pode aceitar livremente sua justificação que é obra apenas da graça, porque o homem é essencialmente um pecador, tanto antes quanto depois de sua justificação.

Os luteranos pretendem que a concupiscência não é unicamente uma tendência desordenada para o pecado, mas que ela é em si mesma culpável.

Então, santo Afonso que tinha tentações aos 80 anos, não poderia ser santo. É uma doutrina fatalista que joga o homem no pecado. Lutero dizia que devia jogar os pecados no vaso sanitário e cobrir com a tampa… O jansenismo era isso também.

Segundo a visão luterana, o homem comete pecados mesmo quando ele faz boas obras e ele é incapaz de fazer algum bem, mesmo a preparação e aceitação do processo de sua própria justificação.

E como o homem permanece sempre mau, mesmo depois do batismo, tudo depende só da graça. Em conseqüência, afirmam os luteranos, o cristão é “simul justus et peccator” – ao mesmo tempo justo e pecador. Suas obras não são por elas mesmas uma verdadeira cooperação com a graça e não podem trazer-lhe nenhum mérito. Pior, segundo essa doutrina, o homem fica “passivo” sob a ação só da graça.

Sua dignidade como colaborador livre de Deus – que é também um dom da graça, segundo a doutrina católica – não lhe é reconhecida e suas obras ficam sem nenhum efeito intrínseco sobre sua salvação.

Sobre isso, cabe lembrar a frase de S. Paulo: “Agora eu me regozijo nos meus sofrimentos por vós, e completo, na minha carne, o que falta das tribulações de Cristo” (Colossenses 1, 24).

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