Boletim Lepanto – Número 5

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Semana Santa, Nazismo e Comunismo, A influência da TV sobre a criança, a legalização do casamento homossexual, bichinhos de estimação modernos, guerrilha na colômbia, ecoterroristas…

Março/Maio de 1999

Editorial
Anti-Kaos
Para onde caminha a sociedade?

Vivemos em uma situação de constante insegurança! A todo o momento, o que era considerado certo torna-se contestado, em um mundo que ora parece precipitar-se num abismo sombrio, ora parece rumar para uma falsa euforia de um utópico paraíso terrestre onde tudo estaria resolvido.

Por paradoxal que seja, muitos já defendem essa caótica situação como normal! E não pense que se tratam de lucos varridos os que admitem o caos como “natural”.

Na literatura, nas artes, na ciência, etc, quanto mais caótica ou extravagante for a descoberta, tanto mais entusiasmo ela quer despertar.

Basta refletir um pouco sobre a situação mundial para perceber que os homens estão se acostumando a viver no caos, no contraditório, no relativo, onde tudo e todos tendem a uma crescente indiferença para com a ordem e, sobretudo, para com a moral!

Por isso, um jornalista afirmava há alguns anos: “O enlouquecimento do mundo moderno é um assunto que não se discute mais. São favas contadas. É o homem e sua civilização que se encontram num mato sem cachorro”. AIDS, drogas, violência, aborto, crise da família, conflitos culturais, etc.

Aos nossos avós, disseram que a ciência resolveria tudo. Aos nossos pais: “Keep Smile”, tudo dará certo! Era a ilusão do cinema americano.

E a nós, o que dirá o mundo do caos? Será que ele nos dará tempo de refletir e reagirmos contra ele? Ou será que, como muitos, acaberemos considerando o caos como normal?

Pronuncie-se. Participe.

Escreva-nos!

Semana Santa
Tristeza, dor e majestade expressas num Crucifixo

Plinio corrêa de Oliveira

Manifestação de tristeza de   Nosso Senhor apresentada nes te belo crucifixo é pungente: os lábios abertos, os dentes separados, o queixo ligeiramente caído, dando a impressão de tal abandono de forças que há uma carência de energias até para manter cerrados os lábios. O olhar é distante, pairando na consideração de outra coisa muito diversa e que O enche de tristeza.

Analisando a coroa de espinhos, podem-se perceber os grandes espinhos que transpassaram a fronte de Nosso Senhor. Acima do olho esquerdo nota-se uma machucadura terrível. Tem-se a impressão de que um espinho ali penetrou, deixando um furo horrível!

Vê-se o sangue que corre… Mas, com quanta delicadeza ele escorre ao longo do corpo divino! De maneira a formar dois longos filetes, aparecendo na ponta de cada um deles um rubi!

Sempre, desde menino, o que mais me impressionou em Nosso Senhor Jesus Cristo foi a sua dor. Estivesse Ele crucificado ou não.  E dor que confere ao sofrimento aquele matiz de majestade, de sabedoria profunda, de transcendência em relação a tudo. Mas, também, de bondade que chega até o último ser, até o último pecador. Isto foi o que sempre, de modo muitíssimo especial, me atraiu nEle e me levou a adorá-Lo.

Não custei a perceber que tal disposição de alma estava em diametral oposição à alegria de fandango, doida, tonta, agitada e sedenta de pecado, que dominava a minha época de menino, com a difusão da atmosfera de Hollywood, do cinema moderno… Então, era uma alegria má.

E eu ficava colocado entre a tristeza e a má alegria.

Entretanto, naquela época, eu não sabia discernir bem entre a boa e a má alegria.

Foi necessário o transcurso de anos para eu perceber o seguinte: aqueles que partilham a tristeza de Nosso Senhor são os verdadeiramente alegres desta vida! E aqueles que se apresentam alegres com Satanás são, na realidade, os tristes neste mundo. E, apesar de ser verdadeiro o fato de vivermos numa época de tanto pecado e tanta ignomínia – que arrancou lágrimas de Nossa Senhora na sua aparição em La Salette, e postulou a Mensagem de Fátima, com tudo o que ela contém – parece-me que o verdadeiro católico pode manter sua alma alegre. Mas que tal alegria nunca deve prescindir de um certo véu de tristeza. De tristeza digna, tristeza nobre, varonil, como quem acompanha Nosso Senhor até o alto da Cruz!

De onde a idéia seguinte: a vida, para ser conduzida de modo católico, deve trazer consigo esse traço de grandeza e de seriedade, sem o qual ela não vale nada. A vida humana é uma participação na Cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. Eu tenho que sofrer como Ele sofreu. E quanto mais eu padecer, tanto melhor será, porque terei tido maior honra em me achegar mais a Ele.

Que a Virgem Santíssima nos ajude a conservar tais reflexões bem no fundo de nossas almas, pois aproximamo-nos de tempos em que desconhecemos como será o dia de amanhã.

Espreitar-nos-á a dor? Talvez! Mas devemos estar certos de um ponto: se nos espreita a dor, aguarda-nos também a glória.

(Excertos da conferência proferida pelo
Prof. Plinio Corrêa de Oliveira
em 21 de agosto de 1985)
(Sem revisão do autor, falecido em 1995

Crepúsculo de um Século, Aurora de um Milênio

Os Direitos Humanos dos “Ecoterroristas”
Um grupo de terroristas da Frente pela Libertação dos Animais (AFL), conhecidos como ecoterroristas porque promovem atentados em nome da ecologia, há quatro meses assestaram sua ofensiva contra lanchonetes de fast-food na Bélgica. Eles esperam a calada da noite para incendiá-las, em protestos contra a matança dos animais, cuja carne é utilizada nos hamburgers. Para eles, os direitos dos animais – e até dos vegetais – é o mesmo dos seres humanos. Eis um dos frutos da modernidade: abortam-se crianças, mas não se matam animais…

***

“Agora impera a justiça revolucionária”

Foi o recado dos guerrilheiros marxistas da FARC às autoridades civis de cinco municípios do sul da Colômbia – em uma estratégica área de 42.000 Km2, superior à Suíça e duas vezes maior que El Salvador – pouco depois que as forças militares e policiais se retiraram por ordem do Governo.

Trabalhos forçados na selva por difusão de “rumores maliciosos”, pena de morte por “traición ideológica” e resistência à “autoridad”, são alguns dos aspectos do código guerrilheiro implantado nessa região.

Em nome de uma utópica paz, a Colômbia entregou sua soberania a um grupo guerrilheiro.

Nazismo e Comunismo
Sistemas Rivais ou Objetivos Comuns?

Quantas vezes, em nossas universidades, ouvimos dizer que o nazismo e o comunismo são sistemas opostos? Estranhamente, contudo, sempre existe uma simpatia – às vezes velada outras não – pelo comunismo. Isso pode se explicar pelo seguinte fato: os socialistas se auto-intitularam defensores dos pobres e democráticos. Entretanto, àqueles que não pensam como eles, freqüentemente são atribuídos – não muito democraticamente – adjetivos nada lisonjeiros. Se você não for de esquerda, socialista, ou ao menos social–democrata, você poderá ser visto como um retrógrado, um reacionário ou suspeito de coisas piores, tais como: membro de um esquema político-financeiro, eleitor de políticos corruptos ou até como um fiel seguidor da doutrina de Hitler e Mussolini.

Aos incautos pode parecer que o nazi-fascismo e o socialismo são diametralmente opostos em suas teorias, pois os defensores da esquerda criaram um mito que distancia quase que infinitamente aquelas doutrinas, contrariando a irrefutável realidade dos fatos que provam a existência de um estreitíssimo liame entre as mesmas.

Dentre as inúmeras semelhanças que identificam aquelas doutrinas, podemos elencar algumas, tais como: a mesma origem ideológica e a doutrina atéia, dialética, socialista e totalitária de ambas.

Malgrado o desdenhoso mito criado pelos socialistas, não podemos deixar escapar ao nosso entendimento que os ideólogos do fascismo, remontaram a Hegel na elaboração de sua teoria do mesmo modo que Marx, ou seja, adotando a dialética extraída daquele pensador.

Com efeito, não seria por demais afirmarmos que o nazi-fascismo e o socialismo têm como gênese e fulcro filosófico a relativista dialética Hegeliana. Hegel, por sua vez, adotou todas as proposições de Heráclito [540 a 480 A.C.], famoso defensor da tese de que a realidade plena e imutável não existe.

Tal concepção destrói todas as noções de verdade, em face da qual nada subsiste de absoluto definitivo e sagrado. Logo, temos mais uma semelhança: o nazi-fascismo e o socialismo seguem uma  doutrina dialética e atéia.

Marx, da mesma maneira que Mussolini, enxergava a ‘’perecível‘’ realidade histórica  como uma síntese resultante de uma antítese que se contrapunha a uma tese. Para eles a dialética constituía-se em um instrumento de transformação do real. Por isso, afirmava Mussolini ser a luta a origem de todas as coisas e Marx dizia ser a luta de classes uma lei histórica.

Outra interessante semelhança entre os sistemas dos quais estamos tratando é que ambos são defensores do socialismo e querem um Estado totalitário. Nesse sentido já se direcionava a obra nazista ‘’Der Nationalsocialismus’’ com a seguinte assertiva: ‘’nós somos socialistas e inimigos mortais do atual sistema econômico capitalista‘’. Não podemos olvidar o fato de que o nome do partido nazista , traduzido do alemão, era Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães. Goebbels em ‘’Kampf Um Berlim’’ já afirmava: o movimento nacional socialista [nazista] tem um só mestre, o marxismo.

Também, de clara evidência é o desrespeito à liberdade humana expresso pela alusão à importância de um Estado totalitário nas doutrinas marxistas e nazi–fascistas. Tal questão foi tratada por Mussolini em ‘’Discursos de 1928’’ na pág. 333, onde consta sua declaração: ‘’tudo no Estado, nada contra o Estado, nada fora do Estado”. Já Lenine em ‘’O Estado e a Revolução’’ definia: “a  ditadura do proletariado é a dominação não restringida pela lei e baseada na força”.
Finalmente, após uma rápida análise do nazi-fascismo e socialismo, resta-nos algumas indagações: será  que há uma substancial  diferença entre os sistemas supracitados ou será que aquele tão procurado ponto de divergência não passa de um envolto ilusório criado pelos espíritos revolucionários e esquerdistas das várias épocas? A quem aproveita esse distanciamento?

Luiz Carlos Peixoto

A TV e a Criança

TV é, como todos sabem, o meio mais eficaz de divulgar uma mensagem ao maior número possível de pessoas. Mas, quais pessoas? Qual mensagem? A resposta: qualquer mensagem para qualquer pessoa que esteja em frente ao aparelho de TV.

Como resultado da diversidade de interesses, temos um número infindável de mensagens sendo captadas e assimiladas por quem não deveria, em princípio, recebê-las. Podemos citar como exemplo as constantes cenas de violência a que somos submetidos, cada vez com maior intensidade, dentro de nossos lares, na suposta intenção de nos manter informados sobre os perigos do mundo atual. Naturalmente, uma mente esclarecida sabe distinguir o real da ficção, o exagero do fato acontecido, procura confrontar diferentes fontes de informação antes de emitir juízo a respeito. Mas, e as crianças? Cada vez mais, temos crianças como principais espectadoras desse espetáculo, por vezes grotesco, que nos vêm através desse meio de comunicação.

Outro exemplo significativo são as cenas eróticas que, igualmente, aparecem cada vez com maior freqüência. São um estímulo à erotização precoce das crianças. Hoje, as crianças não querem mais usar roupas de criança. Querem roupas iguais às dos adultos. Querem parecer atraentes, embora ainda não tenham consciência do que seja um romance, da carga de emoções envolvida, e, além disso, ainda não querem realmente um namoro. Querem apenas imitar os adultos em seus modos, suas atitudes, sem saber exatamente o que isso significa.

Esses foram apenas dois exemplos relativos ao conteúdo. Mas, independente do conteúdo, há outro problema inerente a esse meio de comunicação. Ele não convida à reflexão. As imagens se sucedem de forma muitas vezes desconexa, apresentando vários assuntos em um curto espaço de tempo. A criança, muitas vezes, não compreende o que está vendo. Apenas assiste passivamente, assimilando imagens sem ter critério para saber quando deve parar de assistir. Em conseqüência, essas imagens vão atormentar a mente da criança, que vai dormir com lembrança de imagens confusas e tenebrosas, que não sabe o que significam, e nem sabe exprimir de forma coerente para que alguém possa esclarecê-la.

Cabe aos pais ou responsáveis tomar atitudes positivas e coerentes no sentido de evitar o uso indiscriminado da televisão por seus filhos. Não é uma tarefa fácil. Se não vêem na própria casa, vêem na casa dos amigos, dos vizinhos, dos parentes. Com esse argumento, muitos pais simplesmente desistem de exercer seu controle e acabam por não se importar que seus filhos fiquem acordados até tarde e até colocam televisão nos quartos. Dizem “não adianta mesmo”, e acabam abandonando seu papel de educadores, deixando que os “profissionais” da comunicação o façam. Exercer controle não é fácil, mas virar as costas ao problema acaba por aumentá-lo, acumulando problemas educacionais para o futuro, quando se tornam ainda mais graves.

Leonardo Nogueira de Deus.

O Vício quer Cidadania

A lamentável união homossexual, tristemente reconhecida em países como Dinamarca, Suécia, Holanda e outros, tem constantemente entrado em pauta no Congresso Nacional.

Na perspectiva de introduzir o Brasil neste nefando hall de países, que sucumbiram ante o homossexualismo, os defensores do chamado “casamento homossexual” se utilizam de uma moral radicalmente relativista, além de uma argumentação notadamente sofística..

Mas toda essa eloquência capciosa, não é capaz de convencer a opinião pública.

Prova disso é a maneira sorrateira com que se tenta aprovar a lei de “casamento homossexual”: sempre às ocultas e sem qualquer divulgação na imprensa, como estava para acontecer no ultimo dia 19 de janeiro, quando o  projeto estava na pauta de votação da convocação extraordinária do Congresso.

Diante de tão grave iminência, ficam os rogos de que o Brasil não siga as trilhas de Sodoma e Gomorra ou do Império Romano decadente. Povos que ostentaram um dos “pecados que clamam a Deus por vingança”, e, segundo Santo Tomás de Aquino, somente comparável a pecados torpíssimos como o de canibalismo.

Mauro Alves Corrêa

Bichinhos de Estimação Modernos

Qual a razão de os homens terem animais de estimação? Um passatempo, ora apenas de entretenimento, ora formativo.

A menina desenvolvia seu instinto materno cuidando de um cachorrinho ou de um gatinho. O adulto se encantava com as qualidades felinas de um bichano, que lembram a prudência, ou com a fidelidade de um cão. E quanto haveria para dizer dosmovimentos e das cores dos pássaros. São uma pedagogia da beleza.

Desse convívio estavam excluídos os animais repugnantes ou que lembram vícios: lagartos, sapos, porcos, ratos, lesmas, aranhas, serpentes. Têm muitas utilidades, mas não eram adequados para bichinhos de estimação. A não ser de bruxas, feiticeiros e grandes criminosos, por uma conaturalidade…

Mas há muito uma propaganda insistente vem lançando brinquedos que lembram animais repugnantes. E agora está entrando em moda possuir cobras, por enquanto não venenosas, como animais de estimação. Em S. Paulo, custam entre 90 e 200 reais, e são consideradas mimosas(!) pelos seus donos. O comércio está próspero.

Eis algumas ofertas em lojas de presentes para crianças: Havia um boneco carnívoro Venom Spitter (cuspidor de veneno). Custava 25 reais. A linha dos bonecos carnívoros é composta de monstros semelhantes a insetos. Havia moldes para monstros como lobisomem, além de cobras, baratas e escorpiões. Alguns têm filhotes, que caem desajeitadamente do ventre.

As crianças do passado, segundo pedagogia imemorial, educavam-se com brinquedos e histórias que lembravam o maravilhoso, o edificante ou o natural atraente.

Frases em Destaque

Calúnia
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Quanto mais uma calúnia é difícil de crer,
tanto mais os bobos têm memória para a reter
Casimir Delavigne
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Os culpados, é melhor escolhê-los do que os procurar
Marcel Pagnol
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Não existe virtude que a calúnia não saiba atingir
William Shakespeare
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O detrator é a abominação dos homens
Santo Tomás de Aquino
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